As filas para os pacientes do SUS, que demoram meses nos casos de médicos especializados e cirurgias complexas, um dia vão acabar? Como os hospitais particulares podem ajudar o sistema público de saúde a se desenvolver?
Veja a seguir o que Denise Santos, CEO da BP, fala sobre isso:
Fechamento de hospitais complica fila no SUS
Em cinco anos, o Brasil perdeu 20 mil leitos. Mais de 50 hospitais foram fechados. Temos uma situação crítica, há fila. Existe uma questão de investimento em infraestrutura. Com o momento crítico de crise, parou-se de investir em infraestrutura.
Não há uma ideia salvadora [contra filas]. Temos de investir em infraestrutura, não pode fechar leito. No mundo, a média é de 3 a 5 leitos por mil habitantes. O Brasil tem 2,5 leitos. Então, existe demanda reprimida. Isso é um fato. Faz tempo que a gente não tem crescimento de leito no país. E aí tem as filas. Está faltando infraestrutura. E não é de agora, não é a crise dos dois últimos anos.
Desemprego causa mais colapso no SUS
Com desemprego, quase certamente o usuário vai perder o plano de saúde. Não há mais quase plano de saúde individual. Esse paciente vai migrar para o SUS, que já é quase colapsado. É um problema social bastante grande.
Saúde pública precisa de informatização
A aproximação do setor público e do privado é obrigatória. Não dá para fazer saúde pública ou privada sozinho. O SUS está dentro da Beneficência, que é uma empresa privada. Falta de um sistema integrado e tecnologia são um grande problema hoje no país. As coisas são absolutamente desconectadas. O ministro atual tem falado muito disso, e eu concordo. Informatização do sistema é relevante.
Os hospitais privados, os operadores de saúde têm de vir para essa conversa também. Talvez seja idealismo montar um sistema integrado, mas é por aí.
Técnica de hospitais privados para os públicos
Os hospitais privados ajudam a rede pública em procedimentos como transplante de órgãos, de fígado, de rim, cardiopatia congênita [problemas de nascença no coração]. São técnicas hoje utilizadas em hospitais de maior investimento. Trabalhamos em capacitar o sistema público nessas técnicas.
Nossos profissionais vão a outras instituições de saúde, permitem que eles aprendam e desenvolvam essas técnicas.
Investimos em levar a telemedicina para esses hospitais, colocamos equipamentos, a tecnologia necessária para haver inclusive consultas virtuais. Inclui muitas vezes a aquisição de equipamentos para que o hospital tenha condições de seguir depois com suas próprias pernas.
Mais de 20% das cirurgias cardíacas, de saúde pública, do Estado de São Paulo são feitas na Beneficência.
A partir de 2018, vamos desenvolver projetos que possibilitem desenvolver em nível nacional o SUS. Vamos dividir com outros hospitais do SUS as boas práticas que já efetivamos em casa.