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Orientações aos pacientes e cuidadores de crianças com Asma na pandemia de COVID-19

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Pacientes com asma não são mais propensos a adquirir a infecção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2),
porém são mais propensos a desenvolver complicações. Portanto, o mais importante será não
interromper o tratamento da asma. Em caso de dúvida o paciente deverá pedir auxílio e orientações ao
seu médico assistente.

1 – Corticosteroides inalatórios em pacientes com asma: Recomendamos manter o uso.
O tratamento de controle da asma, especialmente nas crianças, está baseado nos corticosteroides
inalatórios para reduzir a inflamação broncopulmonar, sintomas e exacerbações. Essas medicações não
devem ser retiradas do tratamento do paciente com asma. O uso regular e correto de medicações
inalatórias deve ser preconizado, independente e principalmente agora com a circulação do novo
coronavírus.
As exacerbações são as principais causas de morbidade em pacientes com asma. A associação entre
doenças virais respiratórias e exacerbação da asma é bem conhecida e um número relevante de agentes
virais já foi identificado. Vírus aumentam a inflamação brônquica e alérgica causando danos às
estruturas respiratórias, epitélio e endotélio.

2 – Corticosteroides orais na exacerbação da asma: Recomendamos manter o uso como prescrito pelo
médico assistente
Durante as exacerbações, o uso de corticosteroide oral nas doses indicadas pelo médico por 5 a 7 dias
pode ser indicado para resolver a crise de asma. Seu efeito anti-inflamatório é essencial nesta situação,
podendo reduzir idas a serviços de emergência.

3 – Espirometria e infecção respiratória: Recomendamos evitar realizar o exame
Neste momento crítico, a espirometria, oscilometria e outras provas de função pulmonar devem ser
adiadas nas crianças com asma. Vale lembrar que durante o exame são solicitados aos pacientes que
façam manobras respiratórias forçadas que, consequentemente, propiciam a formação de aerossóis. Em
situações especiais, onde o especialista julgue extremamente necessária a realização do exame, todos
os cuidados devem ser tomados: os espirômetros precisam ter filtros descartáveis que devem ser
trocados para cada paciente após a realização do exame e o médico / técnico deve analisar a
necessidade de utilizar EPIs bem como a de desinfecção da sala após o exame. Os pacientes com
sintomas respiratórios gripais deverão ser poupados até a melhora dos mesmos. Estudo recente
observou correlação entre as viroses respiratórias (altas e baixas) de pacientes submetidos à
espirometria e as culturas do filtro do espirômetro, indicando ser este um possível meio de
contaminação.

4 – Dispositivos inalatórios: Uso com restrição
Nebulizadores e outros dispositivos inalatórios são amplamente utilizados pela população pediátrica
com asma. Os pacientes deverão utilizar seus dispositivos inalatórios, em aerossol dosimetrado ou
inalador de pó, de forma individual, sem compartilhamento. Reservatórios de nebulizadores são
potenciais fontes de contaminação. Estudos de culturas de microrganismos em máscara e copos de
nebulizadores utilizados em pacientes com fibrose cística mostraram proporção significativa de
nebulizadores contaminados (71%) por microrganismos potencialmente patogênicos. Quando possível,
o uso de nebulizadores em serviços de urgência deve ser evitado.

5 – Imunobiológicos: Pacientes em uso devem manter o tratamento. A interrupção do
tratamento deve ser avaliada individualmente.
Não existem evidências ou ensaios clínicos que avaliem o efeito imunossupressor ou
potencializador de respostas antivirais com os agentes imunobiológicos utilizados para
tratamento adjuvante da asma. Não foram identificados estudos específicos sobre o
coronavírus. Pacientes em uso de biológicos apresentam asma grave e devem ser monitorados
cuidadosamente, além de tomar todas as medidas de contágio.

6 – Imunoterapia específica para alérgenos: Pacientes em uso devem manter o tratamento.
Não há evidências de alterações imunológicas promovidas pela imunoterapia específica para
alérgenos que favoreçam o risco ou maior gravidade de infecções pelo novo coronavírus.

7 – Vacina da gripe (Influenza): Todos os pacientes com asma devem ser vacinados.

 


Fonte : Sociedade Brasileira de Pediatria (03/2020)

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